21 de março de 2012

Sobre mudanças

Infelizmente as coisas mudam. Elas sempre mudam. E aí, o mundo passa a se mover de um jeito estranho. Estranho como costuma ficar o céu, quando não sabe se será pintado de azul ou de cinza. Confuso e desconfiado.

Estamos como árvores, arraigados ao solo. Supostamente estabelecidos em um lugar especifico do tempo e do espaço. E é justamente quando acreditamos que estamos seguros em nosso próprio ambiente, que os ventos da mudança se aproximam. E eles nunca são amáveis.

Com uma mão poderosa e assustadora retiram a nossa raiz do solo e sopram a nossa confiança para longe. Tudo fica abalado. Principalmente a árvore da nossa vida. Certos frutos e flores não sobrevivem à tempestade. E a ventania faz com que sejam deixados para trás. Nem sempre para serem esquecidos. E talvez esse constitua um dos maiores problemas causados pela mudança.

Vagamos em meio aos ventos, em um meio equivocado. Desprotegidos da certeza. E de qualquer certeza. O medo e o mistério que pairam no ar em algum momento começarão a cheirar mal. É quando chega o tempo de renascer. Porque apesar de tudo, não haverá oportunidade melhor.

O que acontece com a árvore quando sua raiz é retirada do solo?

O que é necessário para nascer de novo?

Para duas perguntas, uma mesma resposta: Morte. É equivalente. Não que o injusto mundo se importe muito com isso. Mas somos nós que temos a tendência de esquecer que para renascer, é preciso, primeiro, morrer. Mudanças causam mortes. A morte do que passou.

A nossa raiz é, então, fincada em uma nova terra. Teremos de nos acostumar as condições climáticas e ao tipo de solo do nosso novo lugar. Adaptação. Não é a isso que se resume?

Há dias e dias em que nosso céu já amanhece pintado de cinza. É fácil acreditar que ele jamais mudará de cor. É fácil acreditar que as nossas raízes nunca serão desarraigadas e que permaneceremos, para sempre, estagnados em um mesmo lugar. Mas felizmente, as coisas mudam. Elas sempre mudam.

9 comentários:

  1. Para o bem, ou para o mal, as coisas sempre mudam. O bom disso, é que às vezes essas mudanças nos levam a ser melhores do que antes, mais fortes do que antes e - porque não? - mais felizes do que antes. Amei o texto Lud. Bom trabalho garota.
    XoXo

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  2. Mudanças são ambíguas. Podem ser tanto boas quanto ruins. Na verdade elas são neutras. Depende da forma como as interpretamos, como as aceitamos, como lidamos com elas. Tudo é variável. Mas uma mudança não ocorre do nada. O chão pode sim desabar de uma hora para outra. Mas é apenas porque não notamos sua rachadura antes ou os tremores de terra causados pela desconfiança.
    Mudanças dão medo. E muito. Mas são parte da vida. Estamos em constante movimento. Tudo é ciclo e temos de aprender a lidar com isso.
    Ainda bem que tudo muda. ;)
    Bjo!

    http://miasodre.blogspot.com.br/

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  3. Adorei o texto. A morte é tão natural quanto a vida. Ela estás presente em todas as fases de todas mudanças que podemos imaginar. Todo movimento nasce da morte de uma posição estática. As mudanças, de uma forma geral, são contraditórias à vontade de permanecer do homem.Afinal, não somos mais seres errantes. Somos seres sociais e de sociedades fixas. Eu acho que fujo um pouco a regra. Talvez por nunca ter tido um grande número de amigos ou apego familiar demasiado. Minhas raízes, como disseste tão bem no texto, são um pouco mais superficiais. Amo a mudança. salpage.blogspot.com

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  4. Tinha a impressão de que o seu texto tem a ver com mudanças de casa,cidade,etc.
    Olha, eu nunca tive que me mudar. Mas, penso que deve ser complicado pra quem já tem uma vida, amigos, etc. Mas, é fato comprovado que as mudanças sempre surgem, seja para melhorar ou piorar as coisas.

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  5. No meu caso, felizmente mudam. Tô precisando de mudanças e da morte da minha rotina parada para uma mais 'agitada'. Eu nunca parei pra pensar nisso também, que para renascer, precisamos morrer. Já presenciei a morte de certas coisas na minha vida,não necessariamente pessoas,mas a morte de um pensamento, de um desejo, de um sonho, de algumas atitudes, enfim. Mudanças sempre vêm, e nós sempre temos que nos adaptar, e sobreviver á isso.

    Beijos
    http://mon-autre.blogspot.com/

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  6. Hm, eu não gosto de mudanças. Geralmente, elas não são boas pra mim. Mas, tenho consciencia de que são necessárias...É a vida, e cabe a nós aceitar e reagir às consequências das mudanças, sejam boas, sejam ruins. É claro que sempre aguardamos as boas, não?

    Bjs!

    http://qualquerlink.blogspot.com

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  7. Oi querida,

    Gosto de uma frase de Keynes, economista que fala que a única certeza é que a longo prazo estaremos mortos. Assim, a mudança é significante e necessária, mas as vezes dolorosa. Talvez seja esse o sentido da vida.

    Beijos.

    Lu

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  8. Verdade, né? Infeliz e felizmente as coisas mudam. Às vezes as mudanças são encaradas como negativas ou positivas, só depende de como a gente enxerga o período que veio antes delas. Claro que pra renascer é preciso morrer, mas será que morrer é tão ruim assim?
    Vejo em cada mudança uma oportunidade de me inventar de novo. Sem necessariamente precisar me decompor, me recomponho. Por que a arte de viver é isso, né? Juntar cada peça à nota musical correta. Sonata perfeita a gente nunca acha, mas se achasse não precisava viver.

    Um beijo, mulher!!

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  9. L.,

    lendo o teu post fiquei pensando no quanto a mudança pode ser favorável para que sejamos pessoas melhores, não no sentido de "boas pessoas", necessariamente, mas maduras, com potencial para subsistir aos dias vermelhos. Mas é curioso que este é um assunto denegado por tantas pessoas, as quais é temível um lugar que não o mesmo, o local-comum de todos os dias.

    Brilhante o modo metafórico e real com que abordaste o tema. Identifiquei-me muito com este trecho: "Certos frutos e flores não sobrevivem à tempestade. E a ventania faz com que sejam deixados para trás. Nem sempre para serem esquecidos. E talvez esse constitua um dos maiores problemas causados pela mudança."

    Uma linda tarde! <3

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Beijo da garota que não defenestra ideias.