21 de agosto de 2011

Sobre ser mais que amigo

Há um momento em que amigos deixam de serem amigos para se tornarem irmãos. A gente não sabe o momento exato em que isso acontece, uma hora ou outra você simplesmente percebe que já não possuem mais uma simples relação de amizade, é mais forte que isso, é como se tivessem crescidos juntos, não dá pra lembrar-se de como era a vida sem ele ou ela, ou talvez a verdade seja que você não quer lembrar-se de como era, porque é muito melhor agora.

Você passa a recordar tudo o que aconteceu enquanto seu amigo estava ao seu lado. De tudo o que passou com ele. Como aquela vez em que ele dormiu na sua casa e vocês ficaram rindo até tarde de qualquer besteira que diziam, ou aquela vez em que dançaram até não poder mais, ou quando se apresentaram num palco e pagaram, juntos, um grande mico, ou aquela vez que inventaram juntos um mundo novo, onde tudo podia acabar bem. Lembra disso?

Agora, vocês não se vêem todo dia, a vida tornou difícil se encontrarem, ainda assim, quando conseguem, é como se tempo algum tivesse passado. Como se você pudesse perguntar: o que eu dizia? E o assunto retornaria, o ritmo, as piadas e as risadas. Mas não é fácil manter uma amizade assim, é preciso esforço e amor.  Relevar algumas coisas, perdoar e confiar. É preciso aprender a ser amigo do seu amigo. 

Eu sempre gostei de conhecer pessoas novas, mas leva bastante tempo para que eu comesse a pensar nelas como verdadeiras amigas. Porque amigo pra mim não é apenas aquele que você vê todo dia no colégio e com quem conversa todo dia. Amigo pra mim é aquele que segurou a minha mão para que eu não caísse, aquele que eu vi chorar de dor, que entendeu o que eu estava passando mesmo quando eu não me expressava, é aquele que eu consegui fazer sorrir em um momento triste e senti que tinha ganhado o mundo. Aquele mesmo, que esteve comigo no momento mais bobo da minha vida e também no mais importante. 

Você pode sentir isso? É você pensando que tem alguém assim na sua vida. São as lágrimas que se aproximam toda vez que pensa no que passaram juntos. É o arrepio que percorre o corpo quando lembra o quanto o ama. É o coração acelerando quando acredita que vai ser pra sempre. É a certeza de que deixaram de ser amigos há muito tempo. É a certeza de que são mais que isso, de que são irmãos.

9 de agosto de 2011

Sobre sonhar

É bom quando o esforço vale à pena. Quando você pode deitar com a sensação de dever cumprido, quando você dá o seu melhor e isso é recompensado. Quando você realiza seu grande sonho. Você se sente nas nuvens, orgulhosa, realizada. O problema é que na maioria das vezes isso não acontece.

E então? Desistir de tentar é uma solução? Quero dizer, se eu não tento, não vou me decepcionar quando não conseguir, certo? Talvez eu devesse me conformar, parar de sonhar. Tornar as coisas mais fáceis e confortáveis pra mim mesma. Acha que eu devia? Bem, apesar de tudo, eu não.

Porque se você pudesse tentar voar por alguns instantes, mesmo que só por alguns instantes, você aceitaria essa proposta, não aceitaria? Ainda que saiba que é improvável que isso vá acontecer de novo, ainda que saiba que depois só lhe restará a lembrança, ainda que lhe digam que pode não conseguir, ainda que desistir pareça mais fácil? Eu aceitaria.

É por isso que eu aceito sonhar, é por isso que eu aceito tentar. Porque se alguém tem uma grande chance na vida ela não deixa escapar. Ela a agarra com o coração e faz de tudo para que dê certo. Eu agarro minhas grandes chances com o coração, minhas grandes chances de alcançar meus objetivos, de deitar com a sensação de dever cumprido, de realizar meus sonhos. Eu agarro com coração e alma minha grande chance de tentar voar, mesmo que por alguns instantes.

4 de agosto de 2011

Sobre o Tempo


Hoje eu conversei como o Tempo. Perguntei a ele se algum dia poderíamos andar juntos, lado a lado, como amigos achegados. Perguntei se ele me deixaria acompanhá-lo, ou se correria de mim como sempre faz. Ele me disse que corria porque não podia perder tempo.
- Mas Tempo – Indaguei – você é o dono do tempo. Não pode tirar um tempo?
Então ele me respondeu que iria me contar um segredo. Pediu que eu prestasse bastante atenção, porque o tempo era curto.
Ele me revelou que não era dono do tempo. Ao contrário. Eu era! Cada um é dono do seu próprio tempo. Portanto ele só corre de nós porque corremos contra ele. Se apenas aproveitássemos mais o nosso tempo, teríamos muito mais deste e ele não precisaria correr.
- Mas se eu controlo o meu próprio tempo, porque quando preciso que ele passe mais devagar, ele acelera? E quando quero que ele se apresse, ele passa mais devagar?
- Ora, - Ele falou arrogante – porque não basta só querer! Você não consegue as coisas apenas por querê-las, consegue?
- Não – Eu disse.
- Pois então não ache que o tempo cai do céu, só porque você o quer. Você tem que organizar o seu tempo, por estabelecer bem as suas prioridades. Mas lembre-se: Os Segundos são rebeldes, dificilmente programados, os Minutos são mais prováveis, mais fáceis de ser comprados. E as horas... Ah! As Horas são longas, mais fáceis de serem organizadas, porém mais difíceis de serem encontradas.
Eu analisei as palavras do Tempo. Nunca imaginei que ele fosse tão sábio. Do jeito que sempre o vi correndo, sempre achei que não tivesse nem tempo de respirar, quem dirás pensar.
- Bem... Se eu seguir os seus conselhos, finalmente poderemos ser amigos?
Ele sorriu.
- Se seguir os meus conselhos, você com certeza terá mais tempo. Quanto ao resto:
 Dê tempo ao tempo.

2 de agosto de 2011

Sobre o futuro

Ele está bem na minha frente.  Eu posso senti-lo a alguns centímetros de mim. Como um monstro prestes a me devorar. Tento ao máximo não demonstrar sinais de medo, por que sei que é isso que o atraí, mas não consigo, eu simplesmente não consigo saber que logo vou terminar o colégio e que ainda não sei o que vou fazer com meu futuro e não sentir medo. Talvez eu seja fraca, talvez, apenas humana.

Percebo que ele logo se tornará presente. O futuro é como cair na toca do coelho de Alice no País das Maravilhas. Incerto. Penso em como ela se sentiu. Alice também sabia, enquanto estava caindo, que algo estava prestes a chegar, ou melhor, que ela estava prestes a chegar a algo, mas não fazia idéia do que iria encontrar. Na descida se vê rodeada de livros e objetos estranhos, como no colégio. Provavelmente sentiu medo. Como sinto agora. O desconhecido geralmente tem esse efeito sobre as pessoas.

Eu também não faço idéia do que vou encontrar. E em pensar que aquela perguntinha clichê e aparentemente inocente – O que você vai ser quando crescer? – nos daria tanta dor de cabeça agora, hã? Acontece que já cresci. As pessoas esperam respostas de verdade. Eu não posso mais dizer veterinária, e daqui a uma semana mudar para algo totalmente diferente. Preciso me decidir. E então enfrentar a batalha que me espera, lutar contra o que o futuro, o monstro devorador de sonhos, pode causar. 

Ao aterrissar, Alice encontra uma pequena garrafa e um bolo, um deles a faz diminuir, o outro a faz aumentar. Quem sabe quando o futuro chegar eu também não encontre algo para me fazer diminuir ou aumentar? Alice passou por muitas dificuldades para passar por aquela portinha, e depois, para sobreviver aquele mundo louco, eu sei que para chegar onde eu quero, também não vai ser fácil – isso incluirá crescer, como pessoa, como profissional – mas no fim, talvez, valha a pena, e o princípio encantador do jardim de Alice se perpetue. No fim, talvez eu chegue ao país das maravilhas

1 de agosto de 2011

Sobre defenestrar ideias


Você já teve uma ideia para um texto e quando o terminou simplesmente percebeu que nunca teria coragem de mostrá-lo a ninguém? Eu já. E conheço muitas outras pessoas que também já passaram por isso. Cada um de nós tem um motivo diferente para nos livrarmos desses textos indesejáveis, assim como um método. Algumas pessoas os escondem debaixo do travesseiro, ou os trancam a sete chaves dentro do diário, outras os destroem, sem deixar vestígios, e outras... Apenas os jogam pela janela.

Eu não sei. Talvez os jogando pela janela as palavras se desprendam das folhas de papel, criem asas, e saiam voando, para bem longe. Assim, é como se o sentimento contido ali pudesse ir embora também. Mas não pode. Não se iluda. No entanto ao passar as emoções para um papel você divide o peso delas entre você e as suas palavras. O fardo fica mais leve. E ainda mais quando você divide o que escreveu com alguém, ao invés de compartilhar com o vento.

É complicado compartilhar sentimentos, textos, ou ideias, por que tudo isso faz parte de você, você está presente nas entrelinhas. Então você pensa: será que aquela pessoa vai achar muito idiota, muito bobo, muito dramático? Vai dizer que achou bom, mas pelas minhas costas vai falar mal? Será que posso confiar ou devo tirar meu cavalinho da chuva? Decisão difícil, a questão é saber encontrar a pessoa certa. Aquela que por demonstrar simples, porém importantes ações mostra que se importa com você. De verdade. 

Eu decidi nunca mais jogar minhas idéias pela janela, por isso criei esse blog. A partir de agora todas elas serão jogadas aqui, e eu sei que as pessoas certas lerão os meus textos, e se identificarão com eles. Quem sabe até se lembrem daquela idéia que tiveram para um texto, mas desistiram por achar que não era interessante, e a jogou pela janela? Da próxima vez, espero que pensem duas vezes antes de fazer isso. Ah! E lembre-se: toda idéia que você joga pela janela, pode vir parar aqui.

                                                                        L.