31 de dezembro de 2011

Sobre o novo ano

Faltam alguns minutos para a virada do ano e por algum motivo eu sinto que tenho que dizer algumas coisas. Não me pergunte o por quê, afinal eu nem mesmo comemoro o maldito Ano Novo. É como se eu tivesse de dizer minhas últimas palavras. Um pouco macabro isso, mas tudo bem.

O que eu preciso fazer ano que vem, é o que eu preciso fazer todos os anos. Hoje e sempre. É o que todos nós precisamos fazer. Descomplicar a vida.  Sim, apenas e simplesmente isso. Quero uma vida descomplicada, em que o meu sim signifique sim e o meu não, não. E que eu possa me entender um pouco mais. Só isso.

24 de dezembro de 2011

Sobre um espelho d'água e uma garota feia

Era uma vez, há não muito tempo atrás, um espelho d'água parado no tempo. Solitário em sua floresta, passava os dias ouvindo o canto encantado do vento, que agradecia a atenção acariciando ternamente a face do espelho.

O espelho era diferente e especial dentre os outros de onde vivia. Ele possuía uma capacidade única. A capacidade de revelar mais do que aquilo que era visível aos olhos; exibindo a pessoa secreta do coração de quem se atravesse a encará-lo. O ingênuo espelho nunca entendeu o por quê, mas isso afastava as pessoas. Quem não tem medo de descobrir aquilo que realmente é? Quem tem coragem para se olhar no espelho da verdade? A sinceridade que lhe foi dada como dom, acabara se tornando uma maldição.

Era, numa mesma vez, uma garota feia. Uma garota a quem a vida, de sobrenome cruel e injusta, havia ao mesmo tempo que abençoado com uma bela personalidade, amaldiçoado com uma aparência feia. Ela era , apesar de tudo, amada por sua família, os únicos que por conhecê-la de verdade eram capazes de ignorar aquilo que aparentava ser. E era na sua família que ela se escondia de um mundo amargo e vaidoso. Um dia porém, ela seria obrigada a sair de seu esconderijo.

Numa tarde ensolarada esse dia chegou. Todas as pessoas do mundo haviam sido convocadas a sair de suas casas e contemplar o Sol. Todas as pessoas, inclusive uma garota feia. 

Via-se a preocupação estampada nas faces dos familiares da garota feia. Ela, no entanto, fingia ter uma força que  nunca teria. Sua fortaleza se manteve enquanto as primeiras pessoas riam-se dela, mas pouco a pouco, as risadas e deboches começaram a atingir sua coragem como espinhos na carne. Por mais que tentasse ignorar, tudo o que conseguia era se magoar. O sangue que deveria correr de suas feridas, desciam através de lágrimas.

Correr. Fugir.Jamais faria.

Faria?

Fez.

Correu como se pudesse estar deixando a dor para trás. Fugiu do que nunca seria e não parou. Não parou até deixar de ouvi-los gargalhar. Correu mais do que precisava, mais do que devia. Seus pés tocaram caminhos que não conhecia, mas não parou. Continuou correndo até parar. Parar no meio de uma floresta. Parar em frente a um espelho d'água. Um espelho d'água parado no tempo.


O espelho d'água a viu chegar; e o coração que não tinha bateu mais forte. Aquela era a garota mais bonita que já tinha visto. Ela era o ser mais belo que já havia existido.  Ele queria que a garota se aproximasse, precisava apreciar sua beleza mais de perto. Pela primeira vez, o espelho não via o seu dom como uma praga.

O coração que a garota levava nas mãos se acalmou. Ela respirou fundo e ainda receosa começou a se aproximar do espelho d'água. Não sabia o que encontraria ao encarar seu reflexo, mas o vento parecia conspirar para que o fizesse. Já na margem, ela se ajoelhou, e então se viu refletida no espelho d'água.

A garota feia não se reconheceu naquela garota linda mostrada pelo espelho d'água. Precisou de uma comprovação do vento e da floresta para acreditar, e ainda assim desconfiou. Esperou que a imagem mostrasse aquilo que ela esperava ver, mas isso não aconteceu.  

Quando compreendeu a verdade, sorriu. O sorriso deixou a garota linda ainda mais radiante e a garota feia mais fascinada. Ela, que nunca havia sido vaidosa, começava a ser. Ah! Como queria que aqueles malditos que riram dela a vissem naquele momento. Como queria se parecer com o reflexo que o espelho mostrava.
A garota feia deixou que sua mágoa se transformasse em raiva, e que sua dor ardesse num desejo de vingança. As pessoas precisavam vê-la bela. Ela precisava que as pessoas se arrependessem amargamente de terem rido dela. De sua feiúra.

Enquanto a garota feia se deixava levar pela sua recém adquirida vaidade e  desejos de vingança o espelho d'água via o reflexo dela se transformar acima dele. Lentamente o processo se revertia. E uma garota feia de interior gracioso, passava a ser feia. Feia como nunca havia sido antes.

O espelho começou a ficar desesperado. Se ele pudesse, gritaria pra ela naquele momento. “Olhe no que está se transformando!” Ele gritaria. Mas não podia. Estava incapacitado. A única coisa que podia fazer era assistir. 

Em um tímido momento, a garota interrompeu seus delírios de grandeza e voltou seu olhar para seu reflexo. Quase morreu ao perceber que ele estava mudando. Que seu maior medo estava se concretizando. Não! Ela não podia ser daquele jeito. Ela era linda. A mais bela de todas. As pessoas precisavam ver! “Não! Maldito espelho! Devolva minha beleza!”

Desolado, o espelho tentava lhe explicar que não era culpa dele. Que seu reflexo mudou porque ela mudou. Mas a garota feia não ouvia, não percebia. Entre sua raiva e seu desespero, finalmente havia lugar para a loucura. E num acesso desta, a garota se jogou contra o espelho, como se assim pudesse obrigá-lo a devolver o que ela pensava que ele havia lhe tirado.

O espelho, percebendo que não havia outra solução, enlaçou em suas águas a garota feia. Ela lutou e esperneou pra voltar a superfície. Mas de que adiantaria? Agora que a vaidade lhe consumia, não podia mais viver feia. E desistindo de lutar, deixou que o espelho a conduzisse até o interior de suas águas, onde a lembrança da garota mais bonita que já havia existido sempre existiria.

Essa é a história de um espelho d’água e de uma garota feia. De uma garota feia que foi afogada pela vaidade.

Sobre um espelho d'água e uma garota feia (parte 1)

Era uma vez, há não muito tempo atrás, um espelho d'água parado no tempo. Solitário em sua floresta, passava os dias ouvindo o canto encantado do vento, que agradecia a atenção acariciando ternamente a face do espelho.

O espelho era diferente e especial dentre os outros de onde vivia. Ele possuía uma capacidade única. A capacidade de revelar mais do que aquilo que era visível aos olhos; exibindo a pessoa secreta do coração de quem se atravesse a encará-lo. O ingênuo espelho nunca entendeu o por quê, mas isso afastava as pessoas. Quem não tem medo de descobrir aquilo que realmente é? Quem tem coragem para se olhar no espelho da verdade? A sinceridade que lhe foi dada como dom, acabara se tornando uma maldição.

Era, numa mesma vez, uma garota feia. Uma garota a quem a vida, de sobrenome cruel e injusta, havia ao mesmo tempo que abençoado com uma bela personalidade, amaldiçoado com uma aparência feia. Ela era , apesar de tudo, amada por sua família, os únicos que por conhecê-la de verdade eram capazes de ignorar aquilo que aparentava ser. E era na sua família que ela se escondia de um mundo amargo e vaidoso. Um dia porém, ela seria obrigada a sair de seu esconderijo.

Numa tarde ensolarada esse dia chegou. Todas as pessoas do mundo haviam sido convocadas a sair de suas casas e contemplar o Sol. Todas as pessoas, inclusive uma garota feia. 

Via-se a preocupação estampada nas faces dos familiares da garota feia. Ela, no entanto, fingia ter uma força que  nunca teria. Sua fortaleza se manteve enquanto as primeiras pessoas riam-se dela, mas pouco a pouco, as risadas e deboches começaram a atingir sua coragem como espinhos na carne. Por mais que tentasse ignorar, tudo o que conseguia era se magoar. O sangue que deveria correr de suas feridas, desciam através de lágrimas.

Correr. Fugir.Jamais faria.

Faria?

Fez.

Correu como se pudesse estar deixando a dor para trás. Fugiu do que nunca seria e não parou. Não parou até deixar de ouvi-los gargalhar. Correu mais do que precisava, mais do que devia. Seus pés tocaram caminhos que não conhecia, mas não parou. Continuou correndo até parar. Parar no meio de uma floresta. Parar em frente a um espelho d'água. Um espelho d'água parado no tempo.

17 de dezembro de 2011

Sobre humildes palavras

Hoje eu só quero escrever, descarregar tudo o que eu sinto em minhas palavras. Hoje eu poderia escrever até o amanhecer, se me permitissem. Se me permitissem escreveria qualquer coisa. Escrevia palavras soltas, escreveria um texto, ou dez, terminaria meu livro, começaria outro. Ah... Se me permitissem!

Vomitaria meus sentimentos em formas de palavras.  Porque é isso o que eu faço, é isso o que eu sempre fiz. Escrever é o meu refugio. É pra onde eu fujo quando o mundo parece estar desmoronando. Se eu pudesse, dormiria em meu travesseiro de palavras todos os dias. E eu me sentiria bem novamente. Encostaria minha cabeça no ombro da escrita e descansaria.

Imagino que as lágrimas que não derramei são palavras que nunca escrevi, então eu passo a escrevê-las. Se você lê-las com o coração, e não só com a mente, poderá me ouvir soluçar. Lágrimas não fazem ninguém entender como eu me sinto. Mas palavras? As palavras podem ser tão poderosas a ponto de carregarem consigo os sentimentos mais puros e injetarem nas veias mais sentimentais. Fazendo você sentir, fazendo você ouvir, fazendo você ver coisas que de outro modo não seria possível.

Ora queridos, é por isso que o mundo das palavras é tão incrível e assustador, porque pode se transformar no que você quiser. É por isso que eu não quero parar de escrever.  Não quero, não posso. Escrevendo eu finjo que sou o que eu queria ser, a escrita me torna o que eu quero ser. Ela me deixa respirar tranquila e me dá esperança. A esperança que todos procuram, grande parte, eu encontro aqui. Nessas humildes palavras que carregam mais de mim, do que eu mesma.

12 de dezembro de 2011

Sobre uma Tempestade

Há uma garota parada no meio da rua. Numa rua deserta onde o ar foi substituído pelo silêncio. Ela está olhando para cima, está olhando para um céu cinza e cansado, onde está assentada uma tempestade que se confunde com a cor dos seus olhos. Castanhos.

Aquela tempestade já dura algum tempo, e parece não querer partir tão cedo. A menina sorri tristemente e sente falta do toque caloroso do Sol em sua pele. É uma manhã fria e solitária como a de ontem. Ela volta a caminhar, enquanto o vento parece tentar impedí-la de seguir em frente. A garota quer gritar com ele. Porque ele quer fazê-la desistir?

Ela luta e briga com o vento até cair de joelhos. Ela se deita no chão, enquanto ele acaricia seus cabelos num vão pedido de desculpas. Ele sussurra. Está dizendo que se levante, quer que ela veja algo. Está dizendo que ainda existem coisas pelas quais se vale a pena lutar, mas é justamente isso que ela está cansa de fazer.
Seus olhos estão se fechando, ela suspira longamente, como se estivesse expirando toda a vida que lhe resta. E então, está sendo dominada pela escuridão. Uma vez para sempre.

Há uma garota deitada no meio da rua. Numa rua sem luz e vazia. Ela está indo embora, deixando de existir para ser esquecida e ficar perdida eternamente no labirinto do tempo. Os únicos presentes em sua partida são o vento e o céu, que em sua despedida deixa escapar algumas lágrimas salgadas. Tão jovem.

“Então me abraça forte...” Há mais alguém chegando. “Me diz mais uma vez que já estamos...” Tímido, ele toca carinhosamente o seu rosto. “Distantes.” Ela não vai mais embora. O sol veio visitá-la. E a fez esquecer... “De tudo.”

Numa tempestade, um único raio de Sol pode dar a esperança necessária para continuarmos a seguir em frente.

9 de dezembro de 2011

Sobre o acaso, o destino. Sobre eu e você.

O dia em que nos conhecemos se perde em uma linha turva do tempo. Lembro-me bem como, mas não quando. E talvez por isso, às vezes, me pego acreditando que te conheço há mais tempo do que a verdade implica.

Você acredita em destino? Eu não. Eu acredito que escrevemos as nossas próprias vidas, com uns empurrõezinhos do acaso. Foi ele que nos trouxe até aqui? Penso que ele pode ter nos dado uma ajuda no começo, mas o resto? O resto foi escrito por nós.

Ainda estará na minha vida amanhã? Ficará na minha vida para sempre? Ou sendo mais razoável, se o para sempre lhe parecer muito utópico: Ficará na minha vida por muito tempo? Eu não sei. Eu realmente não sei. Mas tudo bem. Essa é a graça do futuro. Ele ainda não foi escrito.

Sobre o covarde

Desarme-se de sua hipocrisia, deixe de ser tão covarde e levante-se, levante-se para ir embora, se tiver de ir, se quiser ir, ou levante-se para voltar, se tiver que vir, se quiser vir. Mas decida-se. Cansei de ser uma telespectadora da sua indecisão. O que pretende com isso, afinal? Se é que tem alguma pretensão além de manter o que lhe é mais cômodo. Ai mundo complicado, de hábitos imorais.

Tenho raiva da sua falta de coragem para fazer o que é certo, para fazer algo, qualquer coisa além de ficar parado assistindo as feridas serem abertas, as lágrimas serem derramadas e os momentos sendo cravados nas nossas memórias para nunca serem esquecidos.

Mas sabe do que eu tenho mais raiva? De mim mesma. Por ter te deixado apenas assistir, por não ter te derrubado do seu trono de insensibilidade e o obrigado a reagir. Por não ter levantado a minha voz, por nunca tê-la feito chegar até você.

Hoje as coisas parecem ter sido esquecidas, você deve achar isso. Que esquecemos. Mas nós nunca esqueceremos. A desconfiança será a eterna acompanhante dos pensamentos voltados a sua pessoa. E eu não posso fazer nada a respeito disso, nem você. Ou talvez eu não queira fazer nada a respeito disso. A desconfiança é a ilusão de segurança a qual nos agarramos.

Decida-se, eu pensei em dizer, mas se for voltar, arrependa-se também, porque se trouxer consigo a sua covardia, não espere encontrar as portas abertas. Se levantar e decidir voltar com seu orgulho intacto, eu também me levantarei. Para ir embora.

28 de novembro de 2011

Sobre uma batalha

A arena está cheia como nunca antes. Os espectadores jamais estiveram tão ansiosos e convictos de que os oponentes jogados no campo de batalha lhes renderiam uma luta inigualável. Por que? Porque a força que os moverá a desferir os golpes será interna. Mais profunda e poderosa do que qualquer outra que exista. Eles não lutarão por dinheiro ou glórias. Lutarão por alguém. Alguém que os assistirá se enfrentarem e que passará a depositar toda a sua confiança no vencedor. É por ela que lutam. Por meio da fé, pela fé.

E lá está ela. Caminhando lentamente ela senta-se em seu lugar. O melhor deles, reservado somente a sua pessoa. O Rei que está sentado ao seu lado lhe estende um sorriso amigável ao qual ela não consegue retribuir satisfatoriamente. Talvez devesse se sentir honrada. Nunca esteve em mais alta posição em sua vida. Mas não. O seu rosto e o seu corpo entregam seus verdadeiros sentimentos. 

Seus olhos lacrimosos, o medo, suas sobrancelhas cerradas, a raiva, o sorriso fraco forçado em seus lábios, a mínima esperança. Seus ombros levados levemente em direção a arena, a curiosidade, o movimento acelerado de ir e vir de seu peito, seu nervosismo, suas mãos fechadas com força uma sobre a outra, seu desespero contido. Tudo isso era perceptível a todos que quisessem ver, porém, quem havia de querer?

Na arena, os adversários não se tocavam, mas já se enfrentavam ferozmente, para delírio da assistência. Soam-se os sinais. A batalha vai começar. O que se vê depois são dois seres enormes correndo um em direção ao outro, enterrando no chão de terra qualquer convívio pacífico que poderia haver entre eles.  Porque tem de ser assim?

Naquela dança violenta, cada um tinha seu jeito de dançar. Os golpes eram dados, as feridas eram abertas, a canção da morte continuava a tocar cada vez mais alta, enquanto um maestro sádico e invisível regia um concerto de sangue.  Xeque mate! Um deles finalmente venceria aquela guerra. A platéia se calou e pela primeira vez só uma voz foi ouvida.

Porque tem de ser assim?
Recai sobre mim a sombra da solidão
Quando numa arena de batalha se enfrentam
A minha razão e o meu coração.

16 de setembro de 2011

Sobre ser diferente


O que é ser diferente no mundo de hoje? É ter um cabelo moderno com cores nada convencionais? É ter um monte de piercings espalhados pelo rosto? É não escutar o que a maioria escuta? Ou é ter um estilo que não segue a moda? A maior parte da nossa sociedade se tornou tão orgânica que coisas que antes eram consideradas completamente absurdas se tornaram, para a maioria das pessoas, comuns.
Eu encaro a sociedade como um rio de correnteza rebelde, dessas que se você se distrai por alguns segundos, sem perceber vai parar à uma grande distância de onde estava. Nós vivemos nesse rio, no entanto, podemos escolher. Seguiremos a correnteza ou lutaremos contra ela? Se deixar levar é a escolha mais provável, e também a mais fácil, afinal, você é carregado pela água, nem ao menos precisa nadar. É claro que isso pode fazer com que se esbarre em coisas desagradáveis. Coisas que você não gosta, mas que tem de aceitar para conseguir continuar seguindo a correnteza e não ficar pelo meio do caminho.
Poucos escolhem lutar contra corrente, e o por quê é bem obvio: não é fácil. Vai ser atropelado algumas vezes, vai engolir um pouco de água, vai sentir seus braços e pernas cansados e até vai ser levado pelo rio de vez em quando, mas no fim de tudo, pode chegar a um lugar seguro: A margem.
 A sociedade nos conduz a sua própria conveniência. Alguns, entretanto, escolhem ser diferentes da maioria, por não se deixar levar pela correnteza. O problema é quando o ser “diferente” se torna apenas um meio de ter seus quinze minutos de fama, de ter destaque. Então ao invés de ser diferente porque é isso que são, as pessoas passam a ser “diferentes” para serem notadas, criam um perfil e o expõem para quem quiser ver, essa é a questão, não preciso que você mostre pra mim o quão diferente você é. Você não é um produto e eu não preciso que me convença a comprá-lo. Eu quero conhecer a pessoa, e não o estereótipo que criou.
 Se você gosta de sorvete de baunilha e a maioria prefere o de chocolate, ótimo. Mas se você prefere o de chocolate como a maioria, ótimo também. Porque é isso que você gosta. E esse é o fato curioso sobre não se deixar levar pelo rio, sobre ser diferente. Ser diferente não é ter sempre gostos e opiniões diferentes de todos, é ter simplesmente a sua própria opinião, independente de ser comum, ou não. 
Sendo assim, pra mim, ser diferente é colocar Deus em primeiro lugar na vida, é amar minha família e amigos, é escrever, ser nerd e assisti filmes antigos. É gostar de séries e ser uma devoradora de livros. É ser criativa, é sorrir, porque é isso que eu sou e serei mesmo que ninguém mais no mundo seja. E pra você, o que é ser diferente?

21 de agosto de 2011

Sobre ser mais que amigo

Há um momento em que amigos deixam de serem amigos para se tornarem irmãos. A gente não sabe o momento exato em que isso acontece, uma hora ou outra você simplesmente percebe que já não possuem mais uma simples relação de amizade, é mais forte que isso, é como se tivessem crescidos juntos, não dá pra lembrar-se de como era a vida sem ele ou ela, ou talvez a verdade seja que você não quer lembrar-se de como era, porque é muito melhor agora.

Você passa a recordar tudo o que aconteceu enquanto seu amigo estava ao seu lado. De tudo o que passou com ele. Como aquela vez em que ele dormiu na sua casa e vocês ficaram rindo até tarde de qualquer besteira que diziam, ou aquela vez em que dançaram até não poder mais, ou quando se apresentaram num palco e pagaram, juntos, um grande mico, ou aquela vez que inventaram juntos um mundo novo, onde tudo podia acabar bem. Lembra disso?

Agora, vocês não se vêem todo dia, a vida tornou difícil se encontrarem, ainda assim, quando conseguem, é como se tempo algum tivesse passado. Como se você pudesse perguntar: o que eu dizia? E o assunto retornaria, o ritmo, as piadas e as risadas. Mas não é fácil manter uma amizade assim, é preciso esforço e amor.  Relevar algumas coisas, perdoar e confiar. É preciso aprender a ser amigo do seu amigo. 

Eu sempre gostei de conhecer pessoas novas, mas leva bastante tempo para que eu comesse a pensar nelas como verdadeiras amigas. Porque amigo pra mim não é apenas aquele que você vê todo dia no colégio e com quem conversa todo dia. Amigo pra mim é aquele que segurou a minha mão para que eu não caísse, aquele que eu vi chorar de dor, que entendeu o que eu estava passando mesmo quando eu não me expressava, é aquele que eu consegui fazer sorrir em um momento triste e senti que tinha ganhado o mundo. Aquele mesmo, que esteve comigo no momento mais bobo da minha vida e também no mais importante. 

Você pode sentir isso? É você pensando que tem alguém assim na sua vida. São as lágrimas que se aproximam toda vez que pensa no que passaram juntos. É o arrepio que percorre o corpo quando lembra o quanto o ama. É o coração acelerando quando acredita que vai ser pra sempre. É a certeza de que deixaram de ser amigos há muito tempo. É a certeza de que são mais que isso, de que são irmãos.

9 de agosto de 2011

Sobre sonhar

É bom quando o esforço vale à pena. Quando você pode deitar com a sensação de dever cumprido, quando você dá o seu melhor e isso é recompensado. Quando você realiza seu grande sonho. Você se sente nas nuvens, orgulhosa, realizada. O problema é que na maioria das vezes isso não acontece.

E então? Desistir de tentar é uma solução? Quero dizer, se eu não tento, não vou me decepcionar quando não conseguir, certo? Talvez eu devesse me conformar, parar de sonhar. Tornar as coisas mais fáceis e confortáveis pra mim mesma. Acha que eu devia? Bem, apesar de tudo, eu não.

Porque se você pudesse tentar voar por alguns instantes, mesmo que só por alguns instantes, você aceitaria essa proposta, não aceitaria? Ainda que saiba que é improvável que isso vá acontecer de novo, ainda que saiba que depois só lhe restará a lembrança, ainda que lhe digam que pode não conseguir, ainda que desistir pareça mais fácil? Eu aceitaria.

É por isso que eu aceito sonhar, é por isso que eu aceito tentar. Porque se alguém tem uma grande chance na vida ela não deixa escapar. Ela a agarra com o coração e faz de tudo para que dê certo. Eu agarro minhas grandes chances com o coração, minhas grandes chances de alcançar meus objetivos, de deitar com a sensação de dever cumprido, de realizar meus sonhos. Eu agarro com coração e alma minha grande chance de tentar voar, mesmo que por alguns instantes.

4 de agosto de 2011

Sobre o Tempo


Hoje eu conversei como o Tempo. Perguntei a ele se algum dia poderíamos andar juntos, lado a lado, como amigos achegados. Perguntei se ele me deixaria acompanhá-lo, ou se correria de mim como sempre faz. Ele me disse que corria porque não podia perder tempo.
- Mas Tempo – Indaguei – você é o dono do tempo. Não pode tirar um tempo?
Então ele me respondeu que iria me contar um segredo. Pediu que eu prestasse bastante atenção, porque o tempo era curto.
Ele me revelou que não era dono do tempo. Ao contrário. Eu era! Cada um é dono do seu próprio tempo. Portanto ele só corre de nós porque corremos contra ele. Se apenas aproveitássemos mais o nosso tempo, teríamos muito mais deste e ele não precisaria correr.
- Mas se eu controlo o meu próprio tempo, porque quando preciso que ele passe mais devagar, ele acelera? E quando quero que ele se apresse, ele passa mais devagar?
- Ora, - Ele falou arrogante – porque não basta só querer! Você não consegue as coisas apenas por querê-las, consegue?
- Não – Eu disse.
- Pois então não ache que o tempo cai do céu, só porque você o quer. Você tem que organizar o seu tempo, por estabelecer bem as suas prioridades. Mas lembre-se: Os Segundos são rebeldes, dificilmente programados, os Minutos são mais prováveis, mais fáceis de ser comprados. E as horas... Ah! As Horas são longas, mais fáceis de serem organizadas, porém mais difíceis de serem encontradas.
Eu analisei as palavras do Tempo. Nunca imaginei que ele fosse tão sábio. Do jeito que sempre o vi correndo, sempre achei que não tivesse nem tempo de respirar, quem dirás pensar.
- Bem... Se eu seguir os seus conselhos, finalmente poderemos ser amigos?
Ele sorriu.
- Se seguir os meus conselhos, você com certeza terá mais tempo. Quanto ao resto:
 Dê tempo ao tempo.

2 de agosto de 2011

Sobre o futuro

Ele está bem na minha frente.  Eu posso senti-lo a alguns centímetros de mim. Como um monstro prestes a me devorar. Tento ao máximo não demonstrar sinais de medo, por que sei que é isso que o atraí, mas não consigo, eu simplesmente não consigo saber que logo vou terminar o colégio e que ainda não sei o que vou fazer com meu futuro e não sentir medo. Talvez eu seja fraca, talvez, apenas humana.

Percebo que ele logo se tornará presente. O futuro é como cair na toca do coelho de Alice no País das Maravilhas. Incerto. Penso em como ela se sentiu. Alice também sabia, enquanto estava caindo, que algo estava prestes a chegar, ou melhor, que ela estava prestes a chegar a algo, mas não fazia idéia do que iria encontrar. Na descida se vê rodeada de livros e objetos estranhos, como no colégio. Provavelmente sentiu medo. Como sinto agora. O desconhecido geralmente tem esse efeito sobre as pessoas.

Eu também não faço idéia do que vou encontrar. E em pensar que aquela perguntinha clichê e aparentemente inocente – O que você vai ser quando crescer? – nos daria tanta dor de cabeça agora, hã? Acontece que já cresci. As pessoas esperam respostas de verdade. Eu não posso mais dizer veterinária, e daqui a uma semana mudar para algo totalmente diferente. Preciso me decidir. E então enfrentar a batalha que me espera, lutar contra o que o futuro, o monstro devorador de sonhos, pode causar. 

Ao aterrissar, Alice encontra uma pequena garrafa e um bolo, um deles a faz diminuir, o outro a faz aumentar. Quem sabe quando o futuro chegar eu também não encontre algo para me fazer diminuir ou aumentar? Alice passou por muitas dificuldades para passar por aquela portinha, e depois, para sobreviver aquele mundo louco, eu sei que para chegar onde eu quero, também não vai ser fácil – isso incluirá crescer, como pessoa, como profissional – mas no fim, talvez, valha a pena, e o princípio encantador do jardim de Alice se perpetue. No fim, talvez eu chegue ao país das maravilhas

1 de agosto de 2011

Sobre defenestrar ideias


Você já teve uma ideia para um texto e quando o terminou simplesmente percebeu que nunca teria coragem de mostrá-lo a ninguém? Eu já. E conheço muitas outras pessoas que também já passaram por isso. Cada um de nós tem um motivo diferente para nos livrarmos desses textos indesejáveis, assim como um método. Algumas pessoas os escondem debaixo do travesseiro, ou os trancam a sete chaves dentro do diário, outras os destroem, sem deixar vestígios, e outras... Apenas os jogam pela janela.

Eu não sei. Talvez os jogando pela janela as palavras se desprendam das folhas de papel, criem asas, e saiam voando, para bem longe. Assim, é como se o sentimento contido ali pudesse ir embora também. Mas não pode. Não se iluda. No entanto ao passar as emoções para um papel você divide o peso delas entre você e as suas palavras. O fardo fica mais leve. E ainda mais quando você divide o que escreveu com alguém, ao invés de compartilhar com o vento.

É complicado compartilhar sentimentos, textos, ou ideias, por que tudo isso faz parte de você, você está presente nas entrelinhas. Então você pensa: será que aquela pessoa vai achar muito idiota, muito bobo, muito dramático? Vai dizer que achou bom, mas pelas minhas costas vai falar mal? Será que posso confiar ou devo tirar meu cavalinho da chuva? Decisão difícil, a questão é saber encontrar a pessoa certa. Aquela que por demonstrar simples, porém importantes ações mostra que se importa com você. De verdade. 

Eu decidi nunca mais jogar minhas idéias pela janela, por isso criei esse blog. A partir de agora todas elas serão jogadas aqui, e eu sei que as pessoas certas lerão os meus textos, e se identificarão com eles. Quem sabe até se lembrem daquela idéia que tiveram para um texto, mas desistiram por achar que não era interessante, e a jogou pela janela? Da próxima vez, espero que pensem duas vezes antes de fazer isso. Ah! E lembre-se: toda idéia que você joga pela janela, pode vir parar aqui.

                                                                        L.