2 de dezembro de 2012

Sobre o nascimento das ideias


Uma ideia é como um vírus. Resistente. Altamente contagioso. A menor semente de uma ideia pode crescer para definir ou destruir você. 
- Inception

Tem ideia que nasce diferente. Às vezes vem de mansinho, de modo sorrateiro, e de tão devagar, a gente acaba aceitando, acolhendo, abrindo espaço. Deixando fluir e se acomodar. É perfeita, essa ideia, ela se molda e se encaixa. Felicidade, ela traduz. Felicidade branda e terna, quase um abraço. Calmamente, é fixada, e se torna semente, que se torna palavra.

É quase sempre muito simples, essa ideia, e é por ser tão encoberta de simplicidade que dificilmente a percebemos. Na verdade, é ela que nos escolhe, e sua seleção é muito rígida, porém, muito justa. Ela só escolhe os capazes de compreender que sua beleza reside justamente em sua simplicidade. Os outros não a entenderiam. Modificariam a sua essência, fariam perguntas que não seriam capazes de responder. E no final, a abandonariam, julgando-a complicada demais. Não se tornaria semente, muito menos palavra.

Essa ideia nasce e vive assim, confortável dentro da alma, mas existem outras que não. Como aquela ideia. Aquela que não nasce, que invade. Ela não pede licença para entrar, chega de repente, é espaçosa e se faz notar. É uma explosão, essa ideia, que se expande, que faz barulho, e tira tudo do lugar. Egoísta e prepotente. Não sabe o significado da boa convivência e quer toda as atenções e emoções centradas nela. 

Ela é incrível, majestosa, e sabe disso. Vaidosa. Bagunça a gente, essa ideia. Bagunça tudo. Mas não tem jeito. Se ela nasce, você se apaixona por ela. Ninguém resiste. É sedutora e meio insana. Sempre um artigo definido. Definidíssimo.  É como um vírus, se aloja e prolifera. Daí a necessidade de botar pra fora, de combater. São esforços inúteis. Ela é impossível de conter. Impossível não se render. Ideia assim, é bom saber, não morre, só adormece. E quando acorda, enlouquece. Assumiu o controle. 

Tem ideia que nasce diferente. Às vezes causa paz, às vezes causa tumulto. Às vezes humilha, e em outras vezes, é motivo de orgulho. Mas sinceramente, como vai surgir, não importa muito. Contanto que nasça. E  claro, que no fim, a ideia se torne palavra.