3 de maio de 2013

Sobre ceticismo


Cética

Ela achava que o segredo para a felicidade estava em achar as respostas para todas as perguntas que a consumiam por dentro, questionamentos que lhe tiravam a paz, o sono, e por diversas vezes, a alegria que não sabia que podia existir na incerteza. Ela não aceitava conviver com a dúvida, não aceitava e nem mesmo enxergava o fato de que algumas perguntas não precisavam de respostas, tão somente de uma inabalável fé. No entanto, a única fé que ainda tinha a débil coragem de admitir possuir era atormentada pela fragilidade. A sua alma estava presa a uma fé solúvel em lágrimas, dissolvia-se e se esvaia com elas.

Mas a verdade, que ela confessava apenas a si mesma, era que ela estava cansada daquilo. Daquele fedor cético que a impregnava. Estava cansada de não conseguir evitar o seu irritante desdém nem mesmo com as coisas que sabia que mereciam seriedade. Estava cansada da descrença que forrava as suas vistas, e mais ainda, estava cansada de fingir acreditar que aquela falta de fé lhe abria os olhos. Sentia, na verdade, que sua desconfiança lhe deixava em uma desesperadora escuridão. Escuridão que a penetrava e a invadia lentamente, se alojando em sua alma sem que percebesse.  Tal qual um parasita disposto a sugar-lhe a ingenuidade, a esperança, e a vida.

Com o tempo, ela foi descobrindo como é difícil caminhar no escuro. Estava percorrendo um caminho sem volta, e possuía a plena certeza de que acabaria se perdendo. Em algum momento, se desviou do rumo certo, e mesmo assim, continuou andando, acreditando que era melhor seguir sempre em frente ao invés de olhar pra trás e tentar descobrir onde havia errado o passo. Estava ansiosa por encontrar o que havia depois do agora, e nessa ânsia, acabou deixando muitas coisas pelo caminho. Inclusive a sua fé. Gostaria que alguém tivesse lhe ensinado a ver a beleza do desconhecido. Talvez assim, não tivesse perdido tudo o que lhe era importante. E só talvez, não tivesse se perdido. 

Eu costumava achar que o ceticismo era uma benção, mas na verdade, é uma maldição.

8 comentários:

  1. Oi Éli-ponto!
    Puxa menina, que texto forte esse seu... É só da sua imaginação ou é verdade?

    Amiga, se for verdade, eu posso lhe assegurar que a fé não deve morrer jamais, e que Deus não é obrigado a dizer amém pra tudo que queremos e nem no tempo que queremos... Tudo vem no tempo Dele, e Ele sabe o que é melhor pra gente.

    Tirando isso... Mais um belo texto, bem escrito, bem elaborado, e que flui do começo ao fim!

    Um beijão e tenha um lindo final de semana!

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  2. L!!! hahaha Desculpa ter parado de responder e olha que eu amo teu blog, hein? Me dá seu facebook pra eu te adicionar no grupo do Centri? Tem uma enquete lá e tudo haha De qual gringo voce torce :P

    Enfim.. deixa eu ler aqui seu texto, pera:
    eita, ja passei por essa fase. Eu não queria acreditar em mais nada (Deus e talz) e passei a ser ateísta haha me achava super inteligente, mas um dia descobri que não consigo não acreditar em Deus. Tenho dúvidas, tenho incertezas, mas mesmo quando eu me dizia ateísa, tinha certeza de que se não voltasse pra Ele, ia acabar no inferno.

    Às vezes, penso que a ignorância é uma benção. O ceticismo nunca é. Acho as pessoas céticas meio secas, meio tristes e com uma vontade enorme de fazer com que todos os outros percam aquela fagulha que era fé e era vida.

    Não seja zumbi de si mesma, L. Volte pra o lugar de onde você veio se o caminho em que está agora não te agrada. Pegue um atalho, retome suas rotas, refaça suas ideias, se reinvente. Você pode e cada dia é uma nova oportunidade.

    Se cuida! :P E volta que, adivinhaaaa??, tem post novo!
    Beijo.

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    1. Obrigada por estas palavras Carla, e olha só: eu também não consigo não acreditar em Deus. Mas o ceticismo realmente muda a gente. Sempre bom te ver por aqui.

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  3. Oi Mallu
    Que belo post, com sua marca registrada! O ceticismo, na minha opinião, é uma forma de radicalismo, e também na minha opinião toda forma de radicalismo não é boa.
    Bjos. Se cuide.

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  4. Triste é o cético, que desconfia de tudo e de todos e parece não ter fé nem em si mesmo. Esse texto é tão eu ><

    Beijos

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    1. Perder a fé em si mesmo é mesmo desesperador, Jeni.

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  5. No mundo em que vivemos não é fácil manter a fé, acreditar em alguma coisa, acreditar em alguém. Porém apesar de tudo, é ainda mais difícil NÃO acreditar. Acho que a falta de fé, o ceticismo em demasia, nos transforma de humanos em alguma uma outra criatura.
    Enfim, adorei o texto. Ah, é bom ter você de volta!
    xoxo

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  6. AWN, vim aqui só pra comentar sobre você ter visto o filme que recomendei no blog, que bom que gostou *________________* Baixe a trilha sonora sim, é linda <3

    Beijos

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Beijo da garota que não defenestra ideias.