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3 de maio de 2013

Sobre ceticismo


Cética

Ela achava que o segredo para a felicidade estava em achar as respostas para todas as perguntas que a consumiam por dentro, questionamentos que lhe tiravam a paz, o sono, e por diversas vezes, a alegria que não sabia que podia existir na incerteza. Ela não aceitava conviver com a dúvida, não aceitava e nem mesmo enxergava o fato de que algumas perguntas não precisavam de respostas, tão somente de uma inabalável fé. No entanto, a única fé que ainda tinha a débil coragem de admitir possuir era atormentada pela fragilidade. A sua alma estava presa a uma fé solúvel em lágrimas, dissolvia-se e se esvaia com elas.

Mas a verdade, que ela confessava apenas a si mesma, era que ela estava cansada daquilo. Daquele fedor cético que a impregnava. Estava cansada de não conseguir evitar o seu irritante desdém nem mesmo com as coisas que sabia que mereciam seriedade. Estava cansada da descrença que forrava as suas vistas, e mais ainda, estava cansada de fingir acreditar que aquela falta de fé lhe abria os olhos. Sentia, na verdade, que sua desconfiança lhe deixava em uma desesperadora escuridão. Escuridão que a penetrava e a invadia lentamente, se alojando em sua alma sem que percebesse.  Tal qual um parasita disposto a sugar-lhe a ingenuidade, a esperança, e a vida.

Com o tempo, ela foi descobrindo como é difícil caminhar no escuro. Estava percorrendo um caminho sem volta, e possuía a plena certeza de que acabaria se perdendo. Em algum momento, se desviou do rumo certo, e mesmo assim, continuou andando, acreditando que era melhor seguir sempre em frente ao invés de olhar pra trás e tentar descobrir onde havia errado o passo. Estava ansiosa por encontrar o que havia depois do agora, e nessa ânsia, acabou deixando muitas coisas pelo caminho. Inclusive a sua fé. Gostaria que alguém tivesse lhe ensinado a ver a beleza do desconhecido. Talvez assim, não tivesse perdido tudo o que lhe era importante. E só talvez, não tivesse se perdido. 

Eu costumava achar que o ceticismo era uma benção, mas na verdade, é uma maldição.

27 de janeiro de 2013

Sobre ruir


Você encara o mundo através de seus olhos verdes, mas ele parece ter perdido a cor. E a cada dia que passa, eu vejo que se sente mais sozinha, sem saber em quem confiar. Todos nós já a decepcionamos. Todos nós já ferimos seu coração, ao menos uma vez. E eu sei que não consegue esquecer. Tão jovem e já carrega o mundo nas costas, dissimulando as suas dores em forma de sorrisos. Sou só eu que noto o desespero por trás deles? Talvez seja, mas provavelmente não. Você anda tão triste que me corta o coração. Perdeu a fé, e ainda é tão pequena.


Mas então, quando eu menos espero, você admite pra mim que não gosta das pessoas que estão ao seu redor. E que tem medo delas. Mas que ainda acredita em mim, e que queria ficar só comigo. Eu, tola e imperfeita, sinto aquele aperto no estômago, sentindo a pressão e a responsabilidade que recai sobre mim se suas palavras forem verdadeiras. Tenho tanto medo de te magoar e de te perder, você está tão frágil e seria tão fácil. Algumas palavras desmedidas e eu poderia lhe partir ao meio. Um julgamento, e não restaria mais nada.

Ah, minha pequena, se você soubesse o quanto eu fico apreensiva quando demonstra essa sua confiança em mim. Gostaria de ser um apoio sólido, mas a verdade é que eu também estou desmoronando. E não sou tão forte quanto deveria ser. Ou tão nobre. Admito que, às vezes, eu canso de enxugar as suas lágrimas. E a minha voz enfraquece quando tenho que lhe dizer que vai ficar tudo bem. E por um momento, eu penso em não dizer nada, segurar a sua mão e assistir a sua dor calada. Mas eu não consigo, eu ainda não consigo.

Continuarei te apoiando, enquanto minhas forças me permitirem, e então, um pouco mais. Posso não ser tão forte assim, mas eu tentarei ser no momento em que precisar de mim. Porque nesse momento, é você que não pode cair. Enquanto isso, continuarei ruindo em silêncio. Você me perdoa por guardar esse segredo de você? Eu prometo que no dia em que você voltar a ver cores no mundo e a sorrir de verdade, eu me levantarei. Pra me fortalecer na sua cura. Você pode ter perdido a fé, mas se me permitir, eu divido a porção que me restou, com você.

As semanas estão ficando cada vez mais cheias, por isso tenho estado em falta com o blog. Mas, na medida do possível e do meu próprio tempo, vou achando um jeito de conciliar as minhas duas vidas: a real e a virtual. Obrigada pelos comentários nos posts passados, vou retribuir assim que eu puder. Beijos. P.S.: Eu preciso admitir, o post de hoje é um desabafo.