Sobre corais artificiais

(Foto aqui)

Peixe nada

E não faz mais nada

O dia inteiro

Vida de peixe em aquário é calma

Vida de gente em aquário é rasa

Oceano limitado a um metro quadrado

Opaco e compactado

Peixe não escolhe viver cercado

Peixe é submisso, subordinado

Mas prisão de gente

É a gente que cria

E aceita

Faz calar o grito da alma

Mas não faz cessar

Consome-se em seu próprio desejo

 Joga pela descarga o poder de viver em água abastada

Mesmo sendo autoridade de si mesmo

Poder viver 

E basta

Livre arbítrio restrito

Não é libertário

É arbitrário

Espírito atrofiado

Que se desconhece

E a si mesmo

Não aceita

Rejeita

Água de aquário contaminada

Continua calma 

Mas não acalma

Revolta-se, rebela-se

Clama por ondas que façam jorrar

Tudo aquilo que nega vazar

De si

Em si

Peixe sente falta de mar

Gente sente falta de amar

Vida de gente em aquário é rasa

Eternamente encalhada em beira de praia

Frustrada

Estagnada

Tipo peixe em água parada

Não faz mais nada

A não ser nadar

Sobre uma parceria e um concurso legal

Há algum tempo estive pensando em criar uma elite de afiliados para o Ideias Defenestradas e finalmente resolvi parar de defenestrar essa ideia e colocá-la em prática. Pensei em quem convidar pra inaugurar esse novo momento do ID e lembrei de um blog que acompanho e admiro desde o meu início na blogosfera: O Arcádia.  Era com certeza a opção perfeita. Fiquei muito feliz quando a dona aceitou! *-*

Então, nós fizemos parceria e para dar início a essa temporada, vamos fazer um concurso para vocês. Eu sei que não somos muito populares nem nada, e é justamente por isso que precisamos de toda colaboração possível dos leitores, da participação e do entusiasmo. Que tal?

O concurso é o seguinte: Vocês irão escrever uma frase ou um parágrafo com o tema "o que te inspira?". Bem fácil, né? Então, vocês vão escrever e postar aqui nos comentários - ou aqui ou no blog da Dinha, e quando fechar o prazo nós selecionaremos as melhores frases/parágrafos. Avaliaremos criatividade e ortografia. Os finalistas irão competir entre si, com o mesmo tema, porém ao invés de frase/parágrafo, eles deverão tirar uma foto que represente a sua inspiração.

O que acharam? Espero que participem! O ganhador será entrevistado em ambos os blogs e terá seu blog - ou página, flickr, twitter, etc - divulgado no Arcádia e no Ideias Defenestradas por um mês. O concurso já está aberto e nós levaremos até o dia 07/06, ou seja, vocês tem duas semanas para pensar muito, se inspirar muito e escrever belas frases! ^^

Para participar faça o seguinte:

• Escreva a frase.
• Comente NESTE post - Nome, Email, Blog, Frase/Parágrafo.
• Torça muito para que você seja classificado!

Ah! E se você quiser ser afiliado do Ideias Defenestradas é só entrar em contato. =D

Sobre ser por inteiro

Hoje as minhas frases não passam de sentenças vazias. Abandonadas no espaço para serem consumidas pelo tempo. Acho que desaprendi a unir as palavras de modo que façam mais do que apenas algum sentido. De modo que façam sentir. Havia um elo que dolorosamente e involuntariamente se partiu. Quebrou. O problema é que o fio que nos ligava segurava uma carga de verdades não admitidas pesadas demais pra que eu pudesse carregar. Para que eu pudesse aceitar. Mas então, naquele momento, era impossível evitar que elas caíssem sobre mim. E caíram.

Lançaram sobre mim um cobertor de desespero.  O que me acobertava, continua a me cobrir, mas agora, também sufoca. Eu finalmente percebi que muito antes das minhas palavras, eu já estava quebrada. Irremediavelmente acabei descobrindo que não é possível que eu me entregue a nada por inteiro enquanto eu estiver pela metade. E pra escrever, escrever de verdade, é indispensável se entregar. Escrever uma parte do que pode ser um todo não me satisfaz. Ser uma parte do que pode ser um todo não me satisfaz.

Eu venho tentado me juntar. Reestabelecer a ligação que se perdeu quando eu quebrei. No entanto, por mais que tente, eu continuo frágil demais. E eu sei que não estou fazendo mais do que uma reunião superficial dos meus pedaços. Aparento estar inteira, mas logo, logo eu estarei desconectada novamente. Despedaçada. Como as minhas palavras vadias.

Eu preciso de um tempo. Um tempo pra me recriar. Deixar de ser pedaço, voltar a ser inteira. Não importa se serei lágrima ou se serei sorriso. Contanto que eu seja inteiramente algo por um tempo pleno. Assim também, não importa se escreverei sobre dores ou sobre felicidades. Contanto eu seja na íntegra intensa e verdadeira. Eu preciso ser um todo. Eu necessito me entregar de todo. Eu quero ser inteira. De novo.

Eu desaprendi a escrever quando desaprendi a ser.

Sobre desandar

Ando perdendo coisas e as coisas andam se perdendo de mim. Subestimando importâncias eu vou aceitando que seja assim. Ando perdendo o sono e a insônia anda me roubando sonhos. Ando perdendo a fé, e sem fé, eu acabo andando a pé.

Ando perdendo o tempo, que só tem tempo se correr. Ando perdendo a vontade e de vez em quando bate a saudade de voltar a viver. Ando perdendo vida, coragem e felicidade. Por dentro, ando perdendo tudo o eu não deveria perder.

Ando perdendo a memória. E se me lembram: Não esqueça! Pronto, perco a cabeça. Ando perdendo tanto que tenho medo de perder também a todos. Ando perdendo o rumo. Assumo. Ando mesmo é me perdendo. Ando. E quando não me encontro, desando.

Ando a procura de tanta coisa de que não pude me despedir. E ando acreditando, apesar de tudo, neste possível reencontro. Aparentemente, a ingenuidade, eu ainda não perdi.